Graspop 2017: em meio a fogos Sabaton fecha o festival
Este ano o Graspop Metal Meeting 2017 foi surpreendente. Mesmo sendo a quarta vez consecutiva cobrindo o festival, sempre há a preocupação de obter um resultado positivo. E tudo foi muito melhor do que o esperado. Foram três dias de sol e calor, o lineup super caprichado e o evento, como diz o nome, foi uma grande reunião de bandas desde clássicas dos anos 70 e 80, bandas que estão em turnê de despedida, turnê de aniversário, até bandas relativamente novas que tocaram pela primeira vez no festival e incrementaram o lineup de mais de 100 bandas que percorreram os 5 palcos do Graspop para 155.000 visitantes de 79 países. As três áreas de camping abrigaram no total 36.500 pessoas, sendo elas Boneyard Festival Camping (30.000 pessoas), Metal Town (3.500 pessoas) e Metal Park (3.000 pessoas).
Sem contar que neste ano foi um orgulho ter a Rock Brigade entre os veículos selecionados para fotografar os shows de duas bandas que limitaram o número de profissionais no pit: Rammstein (20 fotógrafos) e Scorpions (17 fotógrafos).
Já no warm up day o parque Stenehei, em Dessel (Bélgica) estava tomado por visitantes. Diferentemente de anos anteriores, o tempo ajudou muito. O fluxo grande de pessoas rumo a entrada do parque, a movimentação nas tendas de comida e bebida nas redondezas, o rock and roll rolando e o sol brilhando forte compuseram um cenário lindo.
Segundo a assessoria de imprensa do Graspop, os grandes shows desta edição foram Dee Snider, Epica, Gojira, Max e Igor Cavalera, Five Finger Death Punch, Inflames, Steel Panther e Scorpions. No entanto muita coisa boa aconteceu durante todo o final de semana.
A sexta feira, dia 16 de junho, com ingressos completamente sold out, teve como headliner a magnífica Rammstein.
Iniciando as coberturas do dia, fui conferir o show da banda holandesa Mayan, projeto do guitarrista Mark Jansen (Epica), unindo alguns membros da mesma Epica e da antiga After Forever. Desde a primeira vez na edição de 2012 do Graspop, Mayan conquistou um grande número de fãs. Banda forte no quesito guitarra, uma característica de bandas holandesas, e durante a apresentação acontece um revezamento de artistas nos vocais. Há quem diz que um novo álbum está a caminho.
Inaugurando o MainStage 1 neste primeiro dia e também pela primeira vez no Graspop, a banda inglesa de 2012 Slydigs, trazendo o tradicional rock and roll combinado com um pouco de punk rock e umas pitadas de blues. Na sequência, e abrindo o Main Stage 2, subiu ao palco a banda belga de thrash metal Evil Invaders, que abriu o show de Epica uma semana antes na Holanda. Os belgas são excelentes no palco. Bastante popular na Europa, Evil Invaders colocou o parque em movimento já na hora do almoço. A presença de palco de todos os integrantes é contagiante. O Main Stage 1 já estava pronto para a próxima banda que foi a finlandesa Battle Beast. Banda de power metal formada em 2008, na categoria de bandas com vocal feminino rasgado e potente no estilo Lita Ford. Foi uma grande apresentação.
(fotos a seguir: Mayan, Slydigs, Evil Invaders e Battle Beast)
Muitas bandas tocaram pela primeira vez no festival como os clássicos Blue Oyster Cult, Black Star Riders (que também fizeram parte do lineup do Sweden Rock Festival uma semana antes), Emperor e a banda solo de Dee Snider. Tivemos também de volta ao Graspop os canadenses da banda de hardcore Comeback Kid que pôs fogo no público que além das rodas, faziam body surfing e agitaram durante todo o show.
Achei que Blue Oyster Cult destoou um pouco das bandas que vinham se apresentando, com um show um pouco morno, sem deixar de fora os hits "Don’t Fear The Reaper" e "Burning for You". Pareceu uma pausa para o público que logo reaqueceu com Metal Church e Black Star Riders. O público vibrou com as clássicas da Thin Lizzy incluídas no setlist.
(fotos a seguir: Black Star Riders, Blue Oyster Cult, Comeback Kid e Metal Church)
Foi um dia especial. A nossa brasileira Sepultura que estava em turnê européia, "Machine Messiah". Não só o público como também parte da imprensa estava ansiosa pelo show dos brasileiros. Alguns amigos fotógrafos de outras localidades da Europa disseram em certo horário do dia que iam fazer um break no trabalho e aguardar Sepultura. E pontualmente às 18h subiu ao palco. O público já respondeu logo na entrada de Elói na bateria e Andreas Kisser com as mãos para cima pedindo mais barulho. E o público não deixou por menos. Eu havia entrado em contato com Andreas dizendo que estava no pit, e quando ele me viu, posou para minha câmera. Foi emocionante!
Na sequência Dee Snider subiu ao palco com sua banda solo. O cancelamento da W.A.S.P. abriu uma janela na programação e Dee voltou ao Graspop depois de se apresentar em 2016 com Twisted Sister na turnê de despedida "Forty and Fuck It". Estava bastante contente e adora conversar com o público entre uma música e outra. No setlist incluiu músicas de Twisted Sister e fez uma homenagem a Chris Cornell, interpretando "Outshined".
Ainda tivemos os holandeses da Epica, os suecos da Europe que recentemente estiveram no Brasil e os noruegueses da Emperor, banda de black metal de 1991, trazendo a turnê de aniversário de 20 anos do álbum "Athems to the Welkin at Dusk".
(fotos a seguir: Dee Snider, Emperor, Epica, Europe e Sepultura)
E a noite se encerrou com os fogos da grande esperada Rammstein, banda que vinha há muito tempo nas intenções da organização do festival mas que somente neste ano se concretizou e superou as expectativas fazendo como de costume um show perfeito. Na minha opinião, um dos melhores shows combinando todos os ítens como a iluminação, a produção de palco, as roupas, a performance dos músicos e a qualidade musical que é de primeira. Foi a primeira vez que Rammstein se apresentou no Graspop Metal Meeting.
(fotos a seguir: Rammstein - Headliner)
A temperatura continuou a subir no segundo dia do festival. Algumas mudanças aconteceram nesta edição como por exemplo o ponto de chegada e saída do shuttle bus que nos traz ao parque. Foi uma mudança positiva, pois ficou bem mais próximo em relação ao das edições anteriores. Ao contrário, algumas falhas ainda não foram solucionadas como a entrada ao festival. Este ano, talvez pelo clima mais favorável, o parque lotava desde cedo e as filas para entrar eram imensas. Mesmo fazendo parte da imprensa, não temos uma entrada separada. Assim, temos que diariamente passar pela revista, abrindo as mochilas e apresentando toda a papelada com as autorizações necessárias. E neste ano no Graspop a revista foi reforçada muito provavelmente em razão dos inúmeros ataques terroristas que vinham acontecendo na Europa. Outro ponto negativo do Graspop é a dificuldade na circulação entre um palco e outro e fica bastante difícil a locomoção em pouco tempo pois não temos como no Sweden Rock um "corredor de escape" pelas laterais. No Graspop temos que atravessar o parque no meio da multidão. O parque é bem maior e os palcos mais distantes, o que fica impossível chegar em 10 minutos mesmo que vá correndo, o que também é impossível por causa da aglomeração. Dessa forma é necessário fazer opções e muitas vezes perdemos alguns shows.
Iniciando as apresentações, antes do meio dia, tivemos a banda sueca de heavy metal Avatar (inicialmente death metal) que se apresentava pela primeira vez no festival. Com sua vestimenta e maquiagem caracteristicas, o vocalista Johannes Eckerström lembra bastante Alice Cooper.
Por recomendação de headbangers finlandeses, fui logo para a próxima apresentação. Era a vez da banda solo de hard rock do guitarrista alemão Alex Rudi Pell que iniciou carreira com a banda Steeler. Tocou com grandes nomes como Mike Terrana, Jeff Scott Soto, Rob Rock, Jörg Michael.
A seguir, os norte americanos da banda de metal Devil Driver. A primeira vez que o vocalista Dez Fanfara se apresentou no Graspop foi com a banda Coal Chamber em 1998. Devil Driver faz bastante sucesso tanto nos Estados Unidos como na Europa. Depois de algumas músicas já agitando o público, Fanfara pedia roda, e o público respondia fervendo. Foi uma apresentação massiva do início ao fim.
(fotos a seguir: Avatar, Alex Rudi Pell e Devil Driver
E logo subiu ao palco a banda italiana Rhapsody liderada por Fabio Lione, também frontman da brasileira Angra. Na semana anterior esteve no Sweden Rock e repetiu a bela apresentação. Fabio Lione tem carisma e o público interage muito com a banda.
Outra novidade para mim foi a banda inglesa de metalcore Architects fundada em 2004 pelos irmãos gêmeos Dan (bateria) e Tom Searle (guitarra). Inicialmente a banda se chamava Counting the Days e finalmente após alguns anos, Architects. Sam Carter, atual vocalista, entrou na banda substituindo o vocalista original Matt Johnson. A banda é engajada em causas ambientais promovendo a Sea Shepherd Conservation Society (ong ligada à proteção e conservação dos oceanos), da qual Sam Carter é um dos embaixadores.
O dia foi recheado de muita música boa. Tivemos o hard rock dos canadenses de Danko Jones, o metal dos norte americanos da Ministry, o doom metal finlandês de Amorphis, o black metal norueguês de Mayhem e muito mais.
Foi também um dia especial com mais brasileiros no palco. Pela primeira vez no Graspop chegou a vez dos nossos Max e Iggor Cavalera com Return to Roots. Os Cavalera são muito famosos na Europa e a banda foi uma das grandes esperadas do festival. Enquanto Iggor fica ali quase que escondido atrás da sua bateria, Max usa seu dom de contagiar o público lançando aquele sorriso de garoto para a platéia. E pedia roda a todo momento, gritava "jump" e aquele mar de gente pulava com as mãos para o alto durante quase todo o show. Mais uma vez, é emocionante ver o sucesso dos nossos músicos em grandes palcos europeus.
(fotos a seguir: Rhapsody, Architects, Danko Jones, Max e Iggor Cavalera)
Em seguida, mantendo a pulsação da galera, uma das grandes esperadas trazendo o death metal francês, Gojira que é dona de um sucesso mundial com uma legião de fãs crescente. Aqueles rostos de "bons moços" se transformam ao subirem ao palco, como se o metal começasse a correr mais rápido na veia. Em paralelo ao metal, a banda também luta pelas causas ambientais e é ligada à Sea Shepherd Conservation Society (ong ligada à proteção e conservação dos oceanos). Gojira se apresentou no Graspop 2016 e fez um show épico em um palco menor. Este ano retornou ao Main Stage 1 e superou as expectativas repetindo a excelente apresentação. Para mim, faz parte da lista dos melhores shows do festival.
A noite foi caindo e mais metalcore para incendiar o público. Foi a vez dos norte americanos de A Day To Remember. Como nas edições anteriores, a apresentação de ADTR é cheia de energia. O vocalista não pára no palco e não deixa o público parado. Na lista das esperadas e em grande evidência no cenário musical atual, os norte americanos da Alter Bridge a postos. Banda que também se apresentou no Sweden Rock na semana anterior, vai passar pelo Brasil ainda este ano. Na edição de 2016 do Graspop o guitarrista Mark Tremonti (ex-Creed) se apresentou com sua banda solo Tremonti, onde também é responsável pelos vocais.
Prosseguindo com a lista das esperadas, chegou a hora da norte americana Five Finger Death Punch. A expectativa era grande pois a instabilidade do vocalista original Ivan Moody na banda fez com que fosse substituído por Phil Labonte (All That Remains) no final da turnê norte americana em 2016, e em 2017 seria substituído por Tommy Vext (Bad Wolves) na turnê européia. 5FDP havia se apresentado no Brasil meses antes ainda com Ivan Moody e deu para notar uma certa tensão dos integrantes da banda durante a apresentação no Graspop. Pareciam preocupados em manter o público junto. Segundo a assessoria do festival, um dos melhores shows da edição, mas particularmente, foi a 5a vez que pude conferir Five Finger Death Punch no palco, a primeira sem Ivan e na minha opinião, fez diferença não tê-lo desta vez. Ivan faz parte da alma da banda.
Uma pausa para o clássico, pela primeira vez no Graspop, a britânica Deep Purple que juntamente com Black Sabbath e Led Zeppelin deram início na década de 6070 a todo o hard rock que temos hoje. Porém o público do Graspop é relativamente jovem e o feedback foi um pouco aquém das expectativas. Mesmo assim, a banda continua em forma apesar dos anos.
(fotos a seguir: Five Finger Death Punch, A Day to Remember, Alter Bridge, Deep Purple e Gojira)
Eis que é chegada a hora da headliner do dia. A sueca In Flames, que também se apresentou no Sweden Rock, fez mais uma vez um show perfeito. O pico da apresentação foi nos momentos de "Cloud Connected", "Deliver Us", "Battles" e "Only for the Weak". Em 2015, In Flames registrou 1272 "crowdsurfers" em 58 minutos, batendo o recorde do Graspop.
(fotos a seguir: In Flames - Headliner)
Já era domingo, o último dia do festival. O calor era intenso. Foi uma surpresa pois nos anos anteriores o frio e a chuva fizeram parte da atmosfera do festival. É perceptível como o tempo influi na vibe do evento. Tudo fica mais bonito.
A programação do dia foi bem forte. Tivemos grandes bandas em todos os 5 palcos, mas infelizmente tivemos que abrir mão de algumas atrações. Tivemos Suicidal Tendencies, Queensryche, The Dead Daisies, Graveyard, Opeth, Primus, Anathema, Grave Digger, The Black Dhalia Murder, The Raven Age abrindo as apresentações do Main Stage1 seguida de Ugly Kid Joe.
Das primeiras bandas do dia, um grande destaque foi o show dos escoceses da Alestorm. Esses piratas, folks, vikings, são entretenimento! O show aconteceu na primeira metade do dia, sob o sol e o público tentando aliviar o calor com muita cerveja e "crowdsurfing". Teve até "boatsurfing". Foi a 5a vez que a banda se apresentou no Graspop.
Outro grande destaque que incendiou o público foi a australiana Airbourne, fazendo parte do lineup do festival pela terceira vez. Faz o puro hard rock e dessa vez incluiu no setlist algumas faixas do seu mais novo álbum "Breaking Outta Hell", o 4o. da carreira, lançado em 2016.
O dia foi seguindo ao som dos norte americanos da Hatebreed, trazendo o hardcore para o festival pela oitava vez e vem até hoje mantendo o mesmo sucesso. Poucas bandas tem esse privilégio. Recentemente passou pelo Brasil, enriquecendo o lineup do Maximus Festival 2017. O sexto álbum, "The Divinity of Purpose" foi bastante elogiado.
(fotos a seguir: Alestorm, Airbourne, Hatebreed e Ugly Kid Joe)
O entretenimento voltou ao palco sob o comando dos norte americanos da Steel Panther. Repetiu o mesmo show da semana anterior no Sweden Rock. Inclusive o discurso e as piadas foram as mesmas. É divertimento na certa sem comprometer o talento musical. A banda está com um novo álbum "Lower the Bar".
Ainda dos Estados Unidos, tivemos Mastodon, trazendo uma mistura de metal, progressivo, stoner, alternative, o que caracteriza uma banda bem versátil. Promovendo o seu sétimo álbum, "Emperor of Sand", Mastodon sempre surpreende. Formada em 2000, e tendo o primeiro álbum lançado em 2002, causou um grande impacto na época e em 2003 fez a primeira apresentação no Graspop já conquistando um grande público que vem crescendo ao longo dos anos.
A seguir os norte americanos da Evanescence subiram pela primeira vez no palco do Graspop. Formada em 1995, a banda alcançou os 14 milhões de cópias vendidas mundialmente com o single "Bring me to life". Os hits "Going Under", "Everybody’s Fool" e "My Immortal" seguiram o mesmo caminho. Com algumas mudanças no lineup e depois de um hiato de 3 anos, a banda voltou aos palcos com seu estilo único que combina o nu metal, o hard rock e o metal sinfônico.
Não tivemos Alice Cooper, mas tivemos Rob Zombie! Um dos favoritos do festival, a apresentação foi praticamente a mesma da que rolou no Maximus Festival 2017. Todos na banda maquiados, produzidos e liderados por Zombie hipnotizam o público. Fazia bastante calor e o sol raiava forte. Zombie até comentou que o seu show deveria ser depois do por do sol. Faz sentido! Mas mesmo assim foi um show incrível e o público foi a loucura.
Teve até um tributo a Ramones e a Alice Cooper com as músicas "Blitzkrieg Bop" e "School’s Out" no setlist.
(fotos a seguir: Evanescence, Mastodon, Rob Zombie e Steel Panther)
É chegada a hora da headliner da noite: os alemães da banda Scorpions sobem ao palco. Mikkey Dee em uma bateria suspensa faz um show a parte. A banda já anunciou o encerramento da carreira diversas vezes mas ainda não consegue abandonar o público. Acredito que com a entrada permanente de Mikkey Dee na bateria, a banda está preparada para seguir em frente pelo menos por algum tempo. Diferentemente do show no Sweden Rock na semana anterior, a banda mostrou que ainda tem muita energia. Tudo indica que um novo álbum está a caminho para 2018.
Exatamente às 23:55 a banda sobe ao palco decorado com tanques de guerra, capacetes nos microfones e lança chamas durante quase todo o show. Todos na banda são tão carismáticos que facilmente trazem o público para perto. A banda promoveu o mais novo álbum "The Last Stand" lançado em 2016. Joacim (vocalista) e Sundström (baixista) são os únicos membros fundadores.
(fotos a seguir: Scorpions - Headliner e Sabaton - Encerramento)
E assim foi. Mais uma surpreendente edição do Graspop Metal Meeting já deixando saudade.
Ainda não temos informações sobre o lineup de 2018, mas lembrando que as datas já estão confirmadas, o Graspop Metal Meeting 2018 acontecerá nos dias 22, 23 e 24 de junho.